Amanhã, será inaugurada na galeria da loja Nachbar (Rua Madre Paula, 366) exposição com 30 quadros de Hans Swoboda. Adiada duas vezes, a última em função do plano Collor, que deixou todo mundo sem dinheiro, a mostra é comemorativa aos 80 anos do artista, premiado diversas vezes pela sua habilidade em criar geometrias na terceira dimensão. “Acredito que independente do momento econômico, os quadros de Swoboda têm muito valor“. Explicou o dono da Nachbar, Henrique Coutinho. A mostra poderá ser vista até 24 de maio, das 9 às 18h30 e aos sábados das 9 às 13 horas.

Hans Swoboda também está confiante no sucesso da exposição. Segundo ele, são 30 quadros, em diversas dimensões (as maiores são 75 x 50 cm) trabalhadas com tinta acrílica sobre papel cartão schoeller, um tipo de papel importado da Alemanha, país de origem de Swoboda que “custa um dinheirão“, conforme revela o artista. Swoboda explica que o papel é o melhor na exatidão do traço. “De- pois de 40 anos debruçado sobre uma prancheta, este tipo de papel é essencial para o estilo“, explica ele, cujo trabalho de artista plástico é uma evolução da profissão que exerceu durante décadas como projetista de helicópteros e de aviões. São José dos Campos deve a Swoboda, parte dos traços do primeiro avião Bandeirante, que acabou resultando na criação da Embraer. Nesta empresa, Swoboda aposentou-se há 16 anos e então passou a dedicar-se em tempo integral às artes plásticas.

Sua pintura já foi classificada como “neoconcretista”, graças à sua habilidade em pintar cubos e bolas sob nova ótica. As telas de Swoboda são “quase fotográficas“, como ele próprio define, mas a composição é totalmente livre. Em cores muito harmônicas, Swoboda jamais faz dois quadros iguais. Há entre eles, no entanto, a característica do artista: o presente mistura-se à ficção científica, como nas pinturas de espaçonaves vistas em histórias em quadrinhos ou de filmes de guerras nas estrelas. A tridimensionalidade faz dos quadros de Swoboda pinturas para serem vistas sob diversos ângulos, de longe ou de perto, fantásticas ou hiper realísticas.

A exposição que inaugura nesta quinta no espaço da Nachbar é comemorativa aos 80 anos deste imigrante alemão, que chegou ao Brasil em 1952 e pode ser considerado como uma das atitudes louváveis de Getúlio Vargas, que se interessou pelos projetos de helicóptero que Swoboda projetava na França e na Inglaterra, países onde viveu depois que sua cidade, Bremem, foi bombardeada na Segunda Guerra Mundial, convidando-o para vir para o Brasil. “Seria bom que as pessoas entendessem que um quadro de arte não é apenas um objeto de decoração, ele também tem um valor comercial“, argumenta Henrique Coutinho, que organizou a exposição de Hans Swoboda na Nachbar. A Nachbar é uma loja de pisos e decoração que há algum tempo dedica seu espaço interior a exposições de arte. Artistas de São Paulo, como Moura Junior e Paulo Camargo, já expuseram seus quadros neste espaço.

Valeparaibano, 9 de maio de 1991

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *