Um total de 43 quadros e uma escultura do artista plástico Swoboda estão neste mês expostos na Galeria Volpi. É difícil imaginar que um octogenário crie tantas obras modernas e tão diferentes entre si. Mas nos 40 anos de atividades como projetista da aeronáutica foi a versatilidade uma das qualidades essenciais para o seu progresso.

Nos trabalhos de Swoboda a base é o desenho. Ele conta que a “coisa” nasce sempre com o desenho. A pintura é feita em papel Scholler (importado da Alemanha) aplicado em cima do eucatex. Para Swoboda este tipo de papel permite que o desenho seja feito com lápis, onde há riqueza de detalhes. Se usasse tela comum certamente que o lápis deformaria. O aerógrafo é utilizado pelo artista apenas para aperfeiçoar ainda mais a execução da obra, principalmente para fundos dégradé.

Em 1952, Swoboda foi contratado para o Brasil e seu último trabalho no CTA (Centro Técnico Aeroespacial) foi dirigir o projeto dos primeiros aviões Bandeirante, que devido ao sucesso motivou a criação da Embraer. Nascido em Bremen, trabalhou como engenheiro na aeronáutica alemã até o fim da guerra quando foi requisitado para a França como especialista em helicópteros e esteve em Paris por vários anos.

A pintura foi por toda sua vida apenas um hobby, uma vez que esteve muito ocupado com o seu serviço em favor do desenvolvimento da aeronáutica. Somente após a aposentadoria é que a pintura passou a ser sua ocupação exclusiva.

Segundo Swoboda esta exposição é bastante interessante pelo fato de mostrar lado a lado vários de seus estilos, como geometria, neoconcretismo, ficção científica, puro surrealismo e até paisagens. Mas todas as obras são composições livres, onde se pode perceber a procura do equilíbrio e da beleza em formas e cores.

Por Priscila Vidal, em outubro de 1991


Pintura do artista retrata figuras geométricas, espaçonaves e paisagens

Figuras geométricas, imagens surrealistas e espaçonaves habitam as telas do artista plástico alemão Hans Swoboda, 81, há pelo menos 50 anos. Na exposição individual que começa hoje na galeria Volpi, em São José dos Campos, o artista plástico “quebra” a homogeneidade do seu trabalho com algumas telas de paisagens.

A distribuição dos quadros na galeria Volpi divide a exposição em duas. Num canto estão os quadros com paisagens. Mesmo em algumas dessas pinturas, Swoboda imprime imagens geométricas.

A “obsessão” de Hans Swoboda pelas figuras geométricas está ligada a sua formação profissional. Ele é engenheiro aeronáutico e trabalhou como projetista. Swoboda nasceu em Berlim e veio para São José em .1952, trabalhar no projeto do avião Bandeirante. Swoboda atuou nos primeiros projetos desenvolvidos no CTA. Desde que se aposentou, em 75, se dedica à pintura.

HANS SWOBODA – exposição de 40 quadros do artista plástico a partir de hoje, às 20h30, na galeria Volpi (rua Rubião Junior, 84, 2: piso do Shopping Centro), em São José dos Campos. Até o dia 9 de novembro, de segunda a sexta-feira das 9h às 12h e das 13h30 às 18h30. Aos sábados, das 10h às 16h.

Folha de São Paulo, 10/10/1991


Volpi abre hoje mostra do pintor Hans Swoboda

O artista plástico Hans Swoboda abre hoje às 20 horas uma exposição na Galeria Volpi. A mostra inclui 45 quadros onde o autor mescla geometria, neoconcretismo, ficção científica, surrealismo e paisagens. A promoção do evento, que vai até o dia nove de novembro, é da Comissão de Artes Plásticas da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.

A obra de Swoboda se resume em trabalhos diferentes entre si. Ele deu inicio à sua carreira artística depois que se aposentou aos 65 anos. Atualmente com 81, afirma que os quadros que pinta são frutos de um passeio por diversas tendências. “A arte e a evolução estão diretamente ligadas, já que as duas não têm limites”, diz. “A versatilidade me levou à busca pelo desconhecido”, completa.

Até os 54 anos a arte era apenas um hobby na vida de Swoboda. Ele nasceu em Bremen, na Alemanha, onde exercia a profissão de engenheiro projetista. Também trabalhou na França como especialista em helicópteros, estando em Paris por vários anos. Em 1952 o artista plástico veio para o Brasil, sendo contratado pelo Centro Aeroespacial (COCTA). Na época dirigiu o projeto dos primeiros aviões Bandeirante, que motivou a criação da Embraer.

Swoboda diz que a atividade de projetista desencadeou a sua arte. “Esta profissão exige criatividade. Começamos com um papel em branco e temos de produzir algo”, explica. Nos primeiros quadros o artista retratava as paisagens brasileiras. “Fiquei impressionado com a beleza natural do país”, lembra.

Ele conta que como projetista e artista sentia a necessidade de variar a sua obra. Foi assim que resolveu se dedicar ao abstracionismo com efeitos tridimensionais. As cores utilizadas por Swoboda também seguem tonalidades distintas. O resultado disso, segundo ele, é uma experiência que traz formas harmônicas.

Com a base no desenho, a pintura de Swoboda é feita em papel Scholler, que é importado da Alemanha. Depois ele aplica o material em cima do eucatex. Para o artista isso permite o uso do lápis, onde há riquezas de detalhes. “Todo esse cuidado é para enfatizar o equilíbrio dos traços”, conclui.

Jornal Valeparaibano 10/10/1991

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