Depois de ter projetado, em 1939, um monoplano para treinamento com dois lugares (Hitler logo mandou colocar a suástica na cauda) engenheiro aeronáutico Swoboda deixou na Alemanha os três protótipos daquele monoplano que afinal, nunca chegou a ser produzido em série. No Brasil, que o adotaria em 1952, ele foi responsável pela criação de um helicóptero de nome româtico Beija-Flor) em 1960, o primeiro helicóptero feito no Brasil. E também por um avião para duas pessoas, que nunca saiu de um único protótipo, ainda hoje conservado no Museu do Centro Técnico de Aeronáutica, em São José dos Campos. O motivo da não produção do avião segundo o próprio Swoboda: “Não havia verbas para isso naquela ocasião“.

Verbas não foram o problema para outro projeto famoso do professor Swoboda, o avião Bandeirantes, hoje muito procurado até por companhias comerciais brasileiras, que o utilizam nas ligações das grandes capitais com o interior.

Claro, não é um trabalho só meu, mas de uma grande equipe; cerca de seis pessoas no início do projeto (64) e quase duzentas quando o avião se tornou realidade.

Hoje, aviões fazem parte do álbum de recordações de Swoboda, em fotos muito bem cuidadas, tiradas ao lado de presidentes do Brasil e de Von Braun, o cientista da NASA. Nesse mesmo álbum, de capa preta e folhas de plástico transparente, ele colocou reproduções fotográficas de muitas obras que pintou, desde o hotelzinho de Montmartre, na Paris dos anos 30, até suas telas mais recentes.

Depois de ter trabalho de 52 a 75 no CTA – Centro Técnico de Aeronáutica o professor Swoboda pode, finalmente. se dedicar, aos 66 anos de idade. à pintura, que mais do que um hobby é, para ele, “uma necessidade vital“. Ainda morando em São José dos Campos, ele acorda muito cedo e às sete horas da manhã, todos os dias, já está debruçado sobre o papel cartão Schoeller de três milímetros de espessura, que considera ideal para suas pinturas com tinta acrílica.

Trinta dessas obras estão expostas na galeria do Banco Itau (Av. Brasil, 1151) a convite do presidente do banco, grande admirador das obras geométricas e fantásticas de Swoboda.

Hans Hermann Swoboda, brasileiro naturalizado desde 66, é, agora, um artista preocupado com o desequilíbrio ecológico e com os efeitos geométricos na linha da Optical Art. Dois de seus quadros figurativos são fantásticos. Num deles, intitulado “São Paulo, ano 3001”, Swoboda mostra o edifício Itália em ruínas, mergulhado quase até o seu topo numa areia amarelada, varrida por um vento suave. Noutra tela, o avião “Concorde” levanta voo no Rio de Janeiro sobre uma multidão ocupada no culto a Iemanjá. Título dessa tela: “Dois mundos”.

Autodidata em arte, ouvindo Bach e Rick Wakeman ou cuidando de seu imenso jardim (“Não tenho nenhuma planta ordinária”) o pintor Swoboda é um cientista que desmente a imagem de homem duro e seco, um cliché nada verdadeiro. Muito de seu romantismo no jeito de viver está presente em suas telas que poderão ser vistas até 19 de março, das 9 às 22 horas, exceto domingos. Os preços variam entre Cr$ 2.500,00 e Cr$ 6.500,00.

Jornal da Tarde, 12 de março de 1976

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